"Deseim" de Luiza Guedes
Começa assim...
O risco profundo da tinta
na pele
O som silencioso das palavras
nos olhos
A cócega estranha da voz
na língua
O sorriso singelo; dela
na boca
O toque sutil dos dedos
na nuca
O suor envenenado escorrendo do colo
aos seios
o abraço eterno dos amantes despencando em gozo sobre e adentro o precipício
suas mortes anunciadas
congelados num instante divino
seu sexo abrindo novas dimensões
trazendo Atlântida submersa à superfície
existindo eternamente num mero segundo etéreo
e à noite rondando suas casas
soturno; o desejo
e d’agora em diante é matar ou morrer
cuidado!!! perigo!!!
à espreita sorrateiro no canto atrás da porta esperando
a hora certa
de pular no seu pescoço
não abra sua janela
não cubra o rosto ao dormir
revólver engatilhado sob o travesseiro
viver na corda bamba, na ponta da agulha,no fio da navalha
sangue coagulado nos lábios, surra da própria vida
então
põe gelo, merthiolate
e beije a boca
de quem você queira
pois antes que morra de desejo;
mate-o
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terça-feira, 22 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Carnaval de Março
eu
uma
hora quero
o
seu
cheiro
no
meu
cabelo
e
não
vou
esperar isso
ou
o
tempo pode
me deixar
louco
e
pouco
a
pouco
vir
a
desaparecer
junto
à minha voz
cantando seu desértico nome
em suave e breve tom
rouco
minha imensa vontade
de
você
porque amores acabam
marés sobem
sóis se põem
e
a vida é breve
ou
quem sabe minha
pressa
possa sugerir
que
eu
reze uma
prece
pra amansar minha calma
em lugar de lhe avançar a
nuca
subitamente
como acho que deveria fazer
e assim evitar
nunca
ter escrito
isso
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