segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma viagem em Techolcia




São centenas de abelhas se aproximando? 
Não, milhares


Céu fechado sobre mim

Deliro

Estou suando. Estou negro e cadavérico
Estou sendo assassinado e há moscas em minha volta
Sou Abrahan Lincoln num quarto escuro

Hienas, cães do mato e ratos são minha platéia
Aguardam em silencio para entrarem em cena
Vasculham ao redor, farejam, revolvem-se espumando e mastigando o nada

As hienas são horríveis, porque elas riem realmente
e elas tem raiva, e sobretudo, fome

Os cães do mato, subservientes, esperarão a hora em que a alcatéia abandonará minha carcaça; já bem dilacerada
e se servirão dos músculos e das partes deixadas pra trás pelas hienas

Os ratos roerão; as pontas dos meus dedos, minha língua e meus órgãos genitais

E de todo meu resto, o Sol; que assumirá seu posto, se incumbirá de dar calor
de tratar ao bronze eterno
somente agora meus duros ossos; num deserto
em alguma viagem, em que me perdi
num verão indígena
em Techolcia