segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma viagem em Techolcia




São centenas de abelhas se aproximando? 
Não, milhares


Céu fechado sobre mim

Deliro

Estou suando. Estou negro e cadavérico
Estou sendo assassinado e há moscas em minha volta
Sou Abrahan Lincoln num quarto escuro

Hienas, cães do mato e ratos são minha platéia
Aguardam em silencio para entrarem em cena
Vasculham ao redor, farejam, revolvem-se espumando e mastigando o nada

As hienas são horríveis, porque elas riem realmente
e elas tem raiva, e sobretudo, fome

Os cães do mato, subservientes, esperarão a hora em que a alcatéia abandonará minha carcaça; já bem dilacerada
e se servirão dos músculos e das partes deixadas pra trás pelas hienas

Os ratos roerão; as pontas dos meus dedos, minha língua e meus órgãos genitais

E de todo meu resto, o Sol; que assumirá seu posto, se incumbirá de dar calor
de tratar ao bronze eterno
somente agora meus duros ossos; num deserto
em alguma viagem, em que me perdi
num verão indígena
em Techolcia

7 comentários:

Anônimo disse...

esse, depois de escrito me lembrou uma música do Fellini http://www.radio.uol.com.br/#/busca/artista/Fellini

Robisson

Unknown disse...

Poema forte esse. Gostei da forma como escreve.

um abraço

lídia martins disse...

Ao ler seus versos,

uma risca de luz perolada escorregou pela porta entreaberta das pálpebras. Uma lágrima.

MOLHO LIVRE disse...

belo delírio!!!!!!!

Lau Milesi disse...

Genial!!! Que importa a presença dos ratos (mentira, tenho pavor).
Mas o Sol assumirá seu posto, se incumbirá de dar calor. E isso é lindo, lindo!! :)

Um abraço e parabéns pelo talento.

Interessante..cheguei aqui à deriva. Gostei muito e vou ficar. :)

flats em São Paulo disse...

É a primeira vez que passo por aqui, belos textos!

Velharia disse...

Saudade de você.