quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Sol de gravata, e estrelas na ponta dos pés
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Sonhei conosco esses dias
Você com uma camiseta de banda
eu de jaqueta e calça jeans
Sentados, cercados de amigos, numa mesa de bar
falávamos sobre política e sobre o Obama
e bebíamos cerveja
Não nos beijávamos
no sonho apenas nos olhávamos como se algo ainda fosse vir a acontecer
e te convidei pra se levantar e vir comigo
Subimos as escadas pra ver a noite
toda sua profundeza negra
e a vastidão das estrelas
já mortas
que piscavam pra nós seus olhos de meretriz
Enciumadas por você estar ali tão perto delas tão alta a ofuscá-las
em protesto pela injusta competição, pararam de brilhar
e fizeram tolas, da noite seu rápido fim
Recolheram-se as estrelas, ao mirar em você
com tremendo assombro
mais luz que em bilhões delas
Foi-se a noite e veio assustado e surpreso o Sol emanar seu dia
Descemos então pra rua a caminhar e só então nos demos as mãos
E entre os carros e os passantes fiz questão de lhe dizer
num beijo
meu desejo de você
O comércio parou pra ver
pessoas aplaudiram
e os jornais do dia seguinte noticiaram nosso beijo na TV.
“Que bonito!
No Fantástico os amantes se beijando.
Desse crime podemos morrer!”
E o Sol invejoso de mim, ao me ver ao lado seu
esquentou suas veias e fez da manhã um fim de tarde ardente
e foi preciso fugir e nos esconder por um tempo
pra que o Sol acalmasse sua ira e flanasse vagaroso
seu costumeiro hálito de mormaço
e seu silencioso rugido quente
Te dei uns óculos escuros
pra te proteger
do olhar fumegante do meu rival enciumado
Dizia ele em delírio e febre
que desde tempos remotos brilhava sobre esta
Terra
fazendo árvores, plantas, florestas densas
animais e seres humanos
respirarem
só pra fazer você existir
Que relação perigosa, essa nossa
O Sol, possessivo de você, ameaça varrer o mundo em labaredas
As estrelas despeitadas do seu brilho
morrem fugazes e se apagam a milhões de km de distância
ao te verem ao meu lado
Sinto que o mundo corre perigo fatal de se extinguir devido simplesmente aos nossos beijos
Já eu
o único perigo que lhe ofereço
é que você fique no bar e queira beber mais um pouco
quando me ver chegar
Mas que o Sol saiba desde já
que de agora em diante
brilhe sua flama por outras saias
ou que ilumine a nós dois
descontente ou desesperado.
E que as estrelas que se contentem
frente à sua luz
com seu brilho extinto e mirrado
pois se eu não puder mais te beijar
que se foda o Sol
as estrelas
e que o mundo inteiro
então
suma apagado ...
.
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6 comentários:
"Já eu
o único perigo que lhe ofereço
é que você fique no bar e queira beber mais um pouco
quando me ver chegar"
cLASSICOOOOO!!!! MUITO BOM rOBISSON!
Abraço equatorial!
eu me vi nisso, em cada linha sustenida
Mto bom =)
Oh babe, isso me deu umas geladas na barriga solar... ai ai... E manda descer mais uma breja que o moço tá vindo aí...
here comes the sun, tchurururu... mais uma antártica, por favor.
O que dizer diante de tantas coisas que já foram ditas por você. Só tomando um gole de cajuzin.
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