domingo, 10 de janeiro de 2010

Meus últimos dias em Sodoma




Nos meus últimos dias em Sodoma andei sobre brasas incandescentes

Contraí vírus sanguíneo mortífero e tetânico

Imprimi uma nova religião às prostitutas e frequentei das melhores saunas aos
piores ''boulevares''

Em becos escuros transei com estranhas, arranhando minha pele em arbustos e
galhos secos

Vendi minha alma diversas vezes aos demônios da noite
[impávidos donos da situação eles caminham lentos]


Você treme eles riem

Você implora eles riem

Você se fode eles riem


Nos meus últimos dias em Sodoma abracei e andei com amigos desconhecidos

nos divertindo e confabulando com mascates e falsos pastores de ovelhas.

Traficando com mercadores de absinto, mercadores de ópio, mercadores de
haxixe

em jantares com ilustres cidadãos Sodomitas devorando carne podre e doses de
cicuta

Nos meus últimos dias em Sodoma quis ir até onde conseguisse e quis testar meus
limites

testar os limites do mundo, testar os laços que me sustentam


E tive iluminação...


As estradas são longas, longas, longas

As estradas são minhas amigas

Nelas eu posso confiar

Acreditar que seja verdade onde elas dizem que vão

Sempre

Então sigo sem signo e rumo sem rumo pr'onde sei ser meu lugar
E antes que isto tudo afunde
ou se consuma em fogo

eu

quero estar bem longe
...