sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 de Iemanjá


O ano finda e algo se inicia
cíclico caustico expurgando dor e febre
e esbravejando sob a noite de Iemanjá

"renascer ou coincidir?
perpetuar ou migrar?
retornar ou insistir?”

Ano feminino dentre tantas coisas de mulher que existirão nesses
nossos próximos dias

E também dos que nasceram aos sábados
dos que gostam de mar
e tanto quanto
dos que andam ao lado dos Santos de camisa aberta

um ano pra não se esquecer

e ser feita
sua lenta maquiagem
[doce delicada sutil e decidida
no rosto nu dos dias que virão
e depois de pronta
beijar sua boca

senhora, dona, moça, dama, santa, puta, louca, deusa
um ano das mulheres e seus homens

digo isso de improviso e desacerto

não sei
nunca soube nada mais do que você mesmo sabe
sobre as profundezas do desconhecido

só fiquei pensando, por um tempo
que de tudo que ouvi em 2010
que me pegaram foram
elas

Karine, Julieta, Vanessa, Alessandra, Céu
Karina, Tulipa, Mariana, Marina
Nina, Laura, Luisa, Roberta
Etta, Elza
Ella

Portanto, e definitivamente
nesse 2011 vou ouvir
muito mais
elas

as mulheres...

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

de trompetes e bonsais



Ele era preto
Ele gostava de bonsais
Ele era bonito
Ele tocava trompete

Meu amigo morreu

Ele me deu uma cachorra
Nós tomamos chá de cogumelo
Ele sabia o mapa das estrelas e suas constelações
Nós viajamos pra terras de Dona Beija

Meu amigo morreu

Ele tinha os olhinhos apertados
Nós fizemos farra e tocamos fogo numa cama em cima do telhado
Ele me falava sobre falésias e os desertos de Atacama
Nós dividimos conta de bar

Meu amigo morreu

Ele me conquistou
Nós fizemos músicas
Ele se apaixonou
Nós amamos juntos

Meu amigo morreu

Ele pulava de pontes e atravessava rio a nado
Nós não sabíamos mentir
Ele inventava solfejos
Nós jogávamos poker e carteado

Meu amigo morreu

Ele gostava de mim
Nós fizemos músicas
Ele sabia que eu gostava dele
Nós escrevemos poemas

Meu amigo morreu

Ele era preto
Ele gostava de bonsais
Ele era bonito
Ele tocava trompete

Ele não está aqui mais...

Meu amigo morreu


para Ederval

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teste...um...dois...três...testando


casas velhas
velhas lembranças
lembranças boas
boas idéias
idéias loucas
loucas moças
moças belas

belas pernas
pernas perfeitas
perfeitas noites
noites escuras
escuras fossas
fossas profundas
profundas festas

festas imensas
imensa dádivas
dádivas eternas
eternas visões
visões simples
simples mente
mente aberta

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Maçãs


"o seu rosto também tem formas expressivas
sendo assim, eu poderia dizer que, quando você sorri
oferece dois pecados mortais
a nós

suas maçãs"


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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mostra Literária da 7Bienal da UNE


Mostra Literária da 7ª Bienal da UNE que rola de 18 a 23 de Janeiro no Rio... Tamo lá.
http://www.bienaldaune.org.br/

O poema é este aqui
"Meus últimos dias em Sodoma..."
http://hotelsete.blogspot.com/2010/01/meus-ultimos-dias-em-sodoma.html

Vamo nessa ... vamo nessa.
Morro do Vidigal e Complexo... Utereré


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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

BG


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BG
Bicho Grilo
Borboletas, Gente!
Beijos Gerais
Barbas Grandes
Bitucas Guimbas
Bocejos Gemidos
Balanço Gingado
Balé Gafieira
Brincadeira Game
BG
ei!

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Tome uma com Charles Bukowski...




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Hoje, minha principal influência sou eu mesmo. A medida que vivemos, caímos e somos destroçados por várias armadilhas. Ninguém escapa delas. Alguns até mesmo convivem com elas. A idéia é se dar conta de que uma armadilha é uma armadilha. Se você está numa e não se dá conta, você está fodido. Acho que me dei conta na maioria das minhas armadilhas e escrevi sobre elas. É claro, nem tudo o que escrevi foi sobre armadilhas. Existem outras coisas. Ainda assim, alguns dizem que a vida é uma armadilha. Escrever pode ser uma armadilha. Alguns escritores tendem a escrever o que agradou seus leitores no passado. Daí, estão fodidos. A criatividade da maioria dos escritores tem vida curta. Ouvem os elogios e acreditam neles. Há apenas um juiz final do que foi escrito, que é o escritor. Quando é influenciado pelos críticos, editores, leitores, está acabado. E, é claro, quando for influenciado por sua fama e sua fortuna, você pode mandá-lo flutuando rio abaixo junto com a merda.
Cada nova linha é um começo e não tem nada a ver com as linhas que a precederam. Todos começamos como novos, a cada vez. E, é claro, isso não tem nada de sagrado. O mundo pode viver muito mais facilmente sem livros do que sem encanamentos. E alguns lugares do mundo quase não têm nenhum dos dois. É claro, preferia viver sem encanamento, mas preciso dele porque estou doente.
Não há nada que impeça um homem de escrever, a não ser que ele impeça a si mesmo. Se um homem quer realmente escrever, ele o fará. A rejeição e o ridículo apenas lhe darão mais força. E quanto mais for reprimido, mais forte ele se torna, como uma massa de água forçando um dique. Não há perdas em escrever; faz seus dedos do pé rirem enquanto você dorme; faz você andar como um tigre; ilumina seus olhos e coloca você frente a frente com a Morte. Você vai morrer como um lutador, será reverenciado no inferno. A sorte da palavra. Vá com ela, mande-a. Seja o Palhaço nas Trevas. É engraçado. Mais uma linha...

Charles Bukowski