segunda-feira, 15 de outubro de 2007

SUSPIRO


Ela me diz
pela negra boca de Itamar Assumpção;



“Bem que você podia
Pintar na sala
Da minha tarde vazia
Como a poesia”



Eu, às próprias custas, respondo à sua façanha, suando e arfando aos trancos e barrancos, uns versos mal ditos ao negro Benedito



“Se pintar em tua sala fosse um
sonho
eu
ia dormir acordado
matar todas as aulas
e correr depois do futebol pra minha cama
inverter as ordens dos ponteiros e jamais dormir de pijama
ia fugir de madrugada pra fechar todas as janelas
pra mesmo de dia
em todos os lugares
achar que era noite
na sala da tua tarde
vazia”



Depois ela me disse que suspirou, e eu sorri
porque achei estranho suspirar por poesia
eu mesmo, só suspiro quando acordo
de ressaca
reclamando da dor na garganta e da cabeça inchada