Ela foi-se embora
Saiu de casa sem se despedir e pegou suas roupas e coisas
De carona com a cigarra
Sacrifício supremo de donzela
Foi-se a vencer seu diário dragão
Na noite da derradeira desculpa
E não muito longe dali
Nas arquibancadas de mármore a plebe vibra
Brindam nas tribunas elegantes arquiduques e suas concubinas
A orgia que insurgente faz-se em vir
Lá fora, além das muralhas, ouve-se o estrondo poderoso da multidão em êxtase e regozijo
E entram os leões no estádio
Em silêncio
Suas patas, agora doloridas pisam a terra fofa, levantando poeira
Cintilantes e sombrias as feras observam os olhares
Nenhum rugido
Apenas ódio e fome
Em seguida adentram por um oposto portão, as ninfas
carne nua
alimento escondido sob a seda
Esperávamos agora vê-las devorar seus brutos chacais
E fez-se a festa
O duelo travado é inimaginável
Findado o embate, com seus ventres e úteros sangrando
Arrastam-se, os demônios fêmeas
Ao redor da arena o vento dedilha os estandartes das bandeiras dos reinos envolvidos
Seus reis e rainhas de olhos brilhantes se entreolham duvidando do que vêem
Num estrondo os portões são arrombados e a multidão invade o picadeiro
Numa onda efervescente a massa humana engole as ninfas
O mau cheiro é tremendo, carne putrefata e fezes no ar
D’alguma maneira um incêndio se inicia na ala esquerda dos camarotes
Correria e pessoas sendo pisoteadas
Salve-se quem puder Deus está morto
A César o que é de César
Alguém crava um punhal nas costas de Petrônio
Roma pega fogo
E eu acendo meu cigarro nas cinzas desta noite de neblina e continuo a caminhar me acreditando são e salvo
3 comentários:
rapaz
que delicia seus escritos, valeu esperar por mais.
Visitando-te sempre por estas bandas.
beijo grande
nunca estamos.
(ainda bem)
fantástico esse cenário!
Postar um comentário