terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Jorge Ben

Jorge Ben,
um de meus herois
sem acento e todo erro
cada umas dessas 'e dum disco, vale a pena procurar e ouvir
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AS ROSAS ERAM TODAS AMARELAS

O adolescente, o ofendido, o jogador, o ladrão honrado
Todos sabiam
Mas ninguém falava, esperando a hora de dizer sorrindo

Que as rosas eram todas amarelas
Que as rosas eram todas amarelas
Que as rosas eram todas amarelas
Lendo um livro de um poeta da mitologia contemporânea

Sofisticado, senti que ele era
Pois morrendo de amor...
Renunciando em ser poeta dizia

“ ... basta eu saber que poderei viver sem escrever mas, com o direito de fazer quando quiser.”

Porque ele sabia, mas esperava a hora de escrever que as rosas ...
Que as rosas eram todas amarelas
Que as rosas eram todas amarelas
Que as rosas eram todas amarelas

o adolescente
o ofendido
o jogador
o ladrão honrado
Todos sabiam
Mas ninguém falava esperando a hora de dizer sorrindo
Que as rosas eram todas amarelas


PORQUE E PROIBIDO PISAR NA GRAMA

Acordei com uma vontade de saber como eu ia
E como ia meu mundoDescobri que além de ser um anjo eu tenho cinco inimigos
Preciso de uma casa para minha velhice
Porém preciso de dinheiro pra fazer investimentos
Preciso às vezes ser durãoPois eu sou muito sentimental, meu amor
Procuro falar com alguém que precise de alguém
Pra falar também
Preciso mandar um cartão postal para o exterior
Para o meu amigo Big Joney
Preciso falar com aquela menina de rosa
Pois preciso de inspiração
Preciso ver uma vitória do meu time
E, se for possível, vê-lo campeão
Preciso ter fé em Deus
E me cuidar e olhar minha família
Preciso de carinho, pois eu quero ser compreendido
Preciso saber que dia e hora ela passa por aqui
E se ela ainda gosta de mimPreciso saber urgentemente
Por que é proibido pisar na grama

VELHOS, FLORES CRIANCINHAS E CACHORROS

Deus todo poderoso eterno pai da luz, da luz
De onde provem todos bens e todos dons perfeitos
Imploro vossa misericórdia infinita, infinita
Deixai-me conhecer um pouco de vossa sabedoria eterna
Aquela que circunda o vosso trono
Que criou e fez que tudo faz e conserva tudo
Fazei-me digno enviando do céu prá mim prá mim
Imploro por vós e por Jesus Cristo, por Jesus Cristo
A pedra celestial angular miraculosa, miraculosa
Estabelecida por toda a eternidadeMaravilhosa, maravilhosa
Que comanda e reina convosco
Que comanda e reina convosco
Meu Deus todo poderoso
Meu Deus todo poderoso
Mas eu preciso salvar os velhos, eu preciso salvar as flores
Eu preciso salvar as criancinhas e os cachorros.

DESCOBRI QUE SOU UM ANJO

Não comigo não comigo nunca mais
As coisas agora vão mudar
Pois até um cego pode ver
Que eu não sou o que você diz
Por isso eu não vou mais
Curvar minha cabeça
E nem beijar os seus pés porque
Pois eu descobri que sou um anjo
Eu descobri que sou um anjo
Não comigo não comigo nunca mais
As coisas agora vão mudar
Mantenha distância
Quando eu voltar
Pois quando eu fui o caminho
Era só de pedras e espinhos
Mas na minha volta ele será
Estrela e rosas porque
Pois eu descobri que sou um anjo
Eu descobri que sou um anjo
Não comigo não comigo nunca mais
Mantenha distância
Quando eu voltar
Pois há muito tempo
Que meu amor por você acabou
Olhe não chore pois você chorando
Meu sentimento pode ficar
Com pena de você
E deixar até você gostar de mim
Por isso mantenha distância porque
Pois eu descobri que sou um anjo
Eu descobri que sou um anjo
Pois eu descobri que sou um anjo
Eu descobri que sou um anjo...
Eu descobri que sou um anjo

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sinal dos tempos

Realmente ando ficando velho
Si fim de ano vi o especial do Roberto Carlos e juro que gostei dumas coisas


“Vivo condenado a fazer o que não quero
então bem comportado às vezes eu me desespero ...”


Admitir-se faz parte do auto conhecimento, diz o Budismo



feliz ano nove a todos

São Jorge terça-feira 23


Anteontem terça feira 23 de dezembro
atravessando a rua vi São Jorge montado em seu cavalo
parado no cruzamento da Afonso Pena com a Quintino

Olhos no horizonte
o guerreiro meio perdido estancou frente ao sinal vermelho

Intuitivamente havia de ter percebido
que não era momento de desafiar dragões de aço e ferro que soltavam
não das ventas mas sim das caudas que não tinham
negra fuligem

Sinal aberto, asfalto molhado pela chuvinha fina do verão de fim de ano
avançou entre os automóveis e os pedestres
sem causar furor ou mesmo consternação

Hoje ninguém se importa mais com santos. Qualquer oca celebridade os atrai.

Eu, de alma incendiada pela presença de tamanha entidade
me permiti segui-lo abandonando todas as compras, compromissos e horários
que tinha no centro da cidade

Quando teria a oportunidade de encontrá-lo daqui à eternidade
Da calçada puxei, gritei assunto

_ Ei São Jorge ... ei.
_ Diga rapaz.
_ Cara, um prazer te ver por aqui. O que pretende ?
_ Rapaz, procuro um endereço. Trago relíquias e oferendas da Capadócia.
_ Deixa ver.

Era o Camelódromo Central. São Jorge trazia amuletos e cartas pro chinês que vende tênis e que agora queria abrir uma lojinha de produtos religiosos.Puta globalização mesmo.

_ Te levo, bora lá meu velho.

Estacionamos o cavalo entre os mototaxistas e entramos.
Fiquei de lado e em respeito deixei os dois confabularem por um tempo.
Mesmo porque também não entendia o que diziam, uma mistura de chinês com língua morta.

_ E agora bicho. Já tem de ir ?
_ Não.
_ Legal então vamos dar um rolê. Pode ser ?
_ Sim.

Pensei rapidamente num roteiro bacana pro Santo na cidade de Uberlândia.
Então liguei pra namorada e comuniquei.

_ Pequena, hoje só amanhã. To com São Jorge aqui do meu lado e vamos tomar umas por aí...

No que ela, reticente envolvida às 3 horas da tarde com seu trabalho, nas vésperas do Natal, disse.

_ Tá tá, mas liga pra mim à noite, beijo.
_ Ok . Beijo me liga (piadinha pronta)

Austero, São Jorge não é de falar muito. E eu, devoto cúmplice que sou do alheio silêncio, compactuei com sua discrição.

_ São Jorge meu cumpadre, pena hoje ser dia de chuva, senão nosso passeio começaria pela cachoeira de Sucupira. Coisa linda é o lugar.
_ Ora rapaz não se incomode com o tempo nublado. Diga o caminho.

Meio a contragosto dei o rumo já imaginando a água fria que enfrentaríamos.

Ao pegarmos a rodovia o galope do cavalo riscava de faíscas o asfalto como cobras luminosas ziquezaqueando.
Nos cabelos um vento lindo e todos os carros sendo deixados para traz.
Qual 4x4 seria compatível com a velocidade divina?
Os motoristas com suas famílias, mulheres e crianças batiam a mão pra nós em cumprimento.

Na mesa da ceia de Natal, contariam aos familiares, descrentes, entre uma e outra história.

_ ... e tem mais, nem te conto. São Jorge com um cabeludo na garupa nos cortou perto de Uberlândia. Os meninos estavam dormindo e quando sacudi a Marisa eles já tinham sumido como um raio, é verdade, é verdade...

Para minha surpresa o céu nublado começou a abrir e o sol foi surgindo quente, dando motivo pra ir tirando a camisa. O velho Jorge em sua armadura nem se abalava com o mormaço.

Chegamos à Cachoeira de Sucupira, deserta como deve ser numa terça feira, sua água maravilhosamente brilhante refletindo a luz do sol.
Eu lá me fui dar um mergulho, enquanto São Jorge retirava suas armaduras, mantos e armas.
O cavalo, quieto ao nosso lado, bebia uns goles com muita sede.

São Jorge aparentava uns 50 anos, tinha o corpo forte e cheio de cicatrizes, que preferi não esmiuçar as origens. Nadava bem e logo para meu espanto estava saltando do topo da queda, uns 15 metros no mínimo.

Tchbum !!!
Pela primeira vez o vi sorrir naquele dia.

Nos vestimos e ao irmos embora pediu um minuto. Pensei que o cara ia mijar. Mas não. Atravessou os arbustos e se ajoelhou sobre uma oferenda com duas velas e algumas frutas que alguém havia deixado. Ficou assim por um tempo e depois retornou. Não me dispus a lhe perguntar porque do tal procedimento. Consenti e compreendi que era tarefa e trabalho de santo.

_ Bom agora vamos lá em casa, quero te aplicar um som. Tudo bem ?_ Claro._ Depois vamos num bar perto da Universidade tomar umas. Vou te apresentar pruns amigos que são todos teus fãs.

Ao chegarmos em minha casa, o cavalo não podia, obviamente, entrar. Então o amarramos num poste no terreno baldio da esquina. Ao abrir o portão e passar a chave na porta da sala, me dei conta de que havia um santo em minha casa.

_ Quer um café ? – coisa mais besta de dizer prum santo._ Não.

Liguei o computador. Selecionei o som e equalizei as caixas Satellite.Olhei pro lado e esperei, ainda sim, não esperando absolutamente nada.A música veio como sempre, fantástica.

_ Jorge de Capadócia do disco Solta o Pavão de 1975 do Jorge ainda Ben.
_ É issaí.
_ Tenho todos os Jorge Ben. Deixa o Jorge Ben de lado Robisson. Já conheço tudo. Me surpreenda rapaz. – disse isso se levantando e olhando minha coleção de discos e meus livros na prateleira.

Rolei a lista de reprodução de Jazz.Começou com Charles Mingus estraçalhando em “Moanin”.Bolei um baseado e fumamos, eu e São Jorge, vendo a fumaça subir pelo ar pra fora do quarto pela janela.

Era engraçado como nos entendíamos em silêncio.

Li uns poemas meus que ele parece ter gostado muito. E contei sobre meus planos mirabolantes pra minha vida e de como pretendo lançar meu livro. Obviamente fiz questão de sua presença e o convidei pro lançamento.
Depois de um bom tempo com Charlie Parker, Thelonius e uns outros, decidimos seguir caminho ambos com os olhos vermelhos.

Ao chegarmos ao Bar Verde, havia uma confraria de amigos e conhecidos espalhados pelas mesas, coisa pra mim inacreditável por ser praticamente férias da faculdade.
Acreditei, arrogante, ser um sinal do destino ao reunir tantas almas em torno do que viria a ser o encontro de suas vidas.

São Jorge se sentou e pedimos uma cerveja, uma dose e uma porção de queijo com orégano. Eram 6 horas da tarde e o sol se preparava pra se pôr. Friozinho. Fim de tarde na companhia de São Jorge. Quem acreditaria.O santo, agora mais à vontade, falava sobre guerras e batalhas em terras longínquas e de como havia se tornado o padroeiro da Inglaterra.

_ Mas depois das Malvinas, da Thatcher e agora o Blair e essa merda toda de Afeganistão, desisti daquele povo.

Fazia sentido. Muito sentido. Até porque a Igreja Católica já o havia expurgado do rol oficial dos santos há algum tempo. Hoje São Jorge é um santo rebelde, sobrevive através da fé e da tradição e não deve obrigações nem pede autorização ao Vaticano para o que quer que seja. Bebemos em sua homenagem, mais um marginal a nos abraçar.

Ficamos realmente altos e felizes depois de umas cervejas e doses da boa pinga de engenho. Umas moças se engraçaram com São Jorge, que retribuiu os agrados oferecendo ao violão bonita canção medieval do norte da Capadócia.Disseram elas, ser ele, o macho alfa da nossa mesa, eram biólogas perdidas no Campus Santa Mônica. Querendo um pouco mais de diversão nas suas vidas.

Às 9 da noite decidimos ir embora. O Bar Verde sempre fecha a estas horas, pois o Bairro Progresso, apesar do nome, é perigoso durante a noite. É um antigo loteamento incrustado no hoje mais populoso bairro da cidade, o Santa Mônica. E os donos, Reinaldo e Ronaldo, às 7 da manhã estão de portas abertas. Além do que o Verde mais do que um bar é uma mercearia, ou “Venda”, como diria minha Vó , em que você encontra de tudo. De tudo mesmo, até santos vivos.

Nos despedimos dos amigos entre gargalhadas e abraços e seguimos, os dois caminhando sob uma chuvinha fina, levando pelas rédeas o cavalo.

_ E agora vai pra casa?
_ Sim.
_ Aonde anda morando? Rola uma visita?
_ Você não conseguiria chegar lá.
_ Sei.

_ E você vai pra tua casa?
_ Sim.
_ Te deixo lá sobe aí.
_ Não. Não precisa. Caminhar na chuva é dos meus esportes prediletos.
_ Também gosto. De onde eu venho não chove muito.
_ Então vamos indo.
_ Volto na próxima terça feira 23.
_ É mesmo? Vou olhar na folhinha pra sacar quando será.
_ É em Julho. Antes que eu me esqueça, toma pra você.

Uma medalha e um escapulário.

Estava escrito em letrinhas miúdas; “perseverança ganhou do sórdido fingimento e disso tudo nasceu o amor”.

_ Até nossa próxima terça feira 23, Robisson.
_ Até.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Coração Mofado

Encontrei arrumando o quarto sis dias uma caixinha empoeirada
que há muito não via

como num filme, se consumou o flashback e lembrei

do momento fatídico quando arranquei do peito sangrando
o coração em desuso
e permaneci tristonho por alguns minutos pensando se o comia;
autofagia desesperada
ou se o doava ao Hospital das Clínicas

ponderei e preferi não fazer ninguém mais sofrer
então guardei na primeira caixa de papelão que vi pela frente
pois como diz o Edu Guedes
aquele cara do programa de culinária na TV

_ Na cozinha, como no peito, devem-se evitar utensílios que não tenham funções e só ocupem espaço

e agora lá estava ele, meu coração mofado
ouvi que ainda batia baixinho

então

sem pestanejar o pus no tórax novamente
seu devido lugar
e respirei o ar inflado
sentindo de novo um brilho no olhar

daí saí pra ver o dia
a vida
e decidi nunca mais arrancar

meu coração

seja por livre arbítrio
ou por decepção

.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Poema (?) de teor pessoal pra nunca ser publicado



toda uma ala do segundo andar do Hotel, si fim de semana promoveu uma grande festa em nome dum artista, algum de vanguarda, como dizem em Paris
muita bebida e destilados

a balbúrdia aconteceu no quarto que dá pros fundos, então a música tava no talo

Rssssss

nessa noite eu tomei conhecimento do Pata de Elefante
aliás a essa altura muito louco de Gyn
amigo que sou do proprietário do apartamento pedi uma cópia, no que ele já fez saltar no mequintochi

_ Leva ... gravei uns Cream e Yarbirds também

Eita !!!

Pata de Elefante é, ou vem sendo nos últimos dias, o som dos corredores desse pardieiro

solto no shuflle e leio poesia, deitado nu

Vou morrer logo logo ao acordar
Minha sobrinhazinha diria

Loguin titi ?

Ahhh dá vontade de chorar



Mas ainda resta tempo para escrever um conto chamado Empire Vampire sobre uma organização de vampiros que caça os últimos humanos e os aprisionam até serem negociados, vendidos pra serem devorados

Sem muito personagem principal, enredo abrangente sobre o enfoque da situação do universo apresentado

Achei a idéia boa

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Qual é o nome disso ???


dei sopa pro azar
e
fui condenado a viver com um demônio nas costas.

pra sempre será

eu e ele

a lutar nas noitinhas
_ Oh !!! Valha-me dEUs ...
.