sábado, 29 de maio de 2010

Verão em terras indígenas




Um índio de Pindorama sentado em sua pedra ancestral, observa solenemente toda a vasta terra que o cerca.
Tendo somente como testemunha, ardendo, o sol selvagem sobre sua pele se lembra de sua tribo, de suas lanças, de seus cocares, de si próprio e dos seus.
Se lembra, como que num sonho, de tudo que existiu.

Planeja sem mesmo saber como, seu retorno.
O que lhe resta? A não ser tudo aquilo que lhe cerca?
Porque? Não há resposta no silêncio.

No entardecer sepulcral da floresta, se ouve um grito primal de um índio de Pindorama, solitário e amargurado.
Trouxeram a ele, os homens que caminham sobre as águas, entre tantas coisas que trouxeram; como dor, sangue e morte, uma palavra que mesmo em outros dialetos e idiomas não se encontra ou acrescenta significado.
Trouxeram a ele a solidão e sobretudo lhe apresentaram enfaticamente, e em bom português de Portugal a palavra... saudade.

2 comentários:

Velharia disse...

De longe você traz imagens e deixa elas tão perto de nós, faz tão bem ler poesia assim, parabens e muita escrita, estou esperando fortemente pelo proximo livro seu.

Velharia disse...

Conto com você no proximo Sarau Palavras Cruzadas, organizado por Rodrigo valim (From Hell) e Daiane Costa. Inté mais vê.