quinta-feira, 17 de abril de 2008

Precipício




quem adia a saída do hospital psiquiátrico
quem suspeita da virgem com mãos em riste na altura do altar
quem santifica ou inveja a porca roliça rolando na lama
quem viaja sem bilhete de volta ou se ressente com a ressaca moral
quem devora livros sem deixar de olhar pros lados ao cruzar uma esquina
Eu não me meto com gente séria
ou muito apegada ao certo
esse povo não faz bem pro meu céu
não me vejo vendo estrelas ao seu lado na noite do reveillon
nem jogando contas na maré de Iansã

em eco me faço

eu eu eu eu eu eu
eu sou eu sou eu sou eu sou
sou sou sou sou
eu
você você você
não passa daqui
não vira aqui
não sabe daqui
não
não
não

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este "Precipício" estava no computador num arquivo junto com outros dois de meus poemas e outros três do Eudoro Augusto

li e gostei, mas não sei se fui eu que o escrevi, não me lembro

ou é pérola dos meus dias ou é milagre da coincidência
meu esquecimento talvez um dia me presenteie com uma surpresa
a exata descoberta
se alguém encontrar num ponto de ônibus ou em qualquer lugar o verdadeiro autor
informe-o e informe-me ... é isso.

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