quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Carta de despedida a meu amigo Sexta-Feira

eu à deriva
fazendo barquinhos de papel nas mãos
solto-os na enxurrada ? ou não

repasso passo a passo minha escapada da ilha em que me encontro
tem de ser lua nova, maré baixa
e que os chacais não me vejam ou sintam meu cheiro
é ...

ando perdidão da silva
moço, como chama essa rua de minha vida ?
nessa esquina lembro que bebi um dia com amigos outros com amantes
dess’outra me vêm à mente noite que larguei amiga despúes de festa
enfim soltar seu corpo finalmente no ar, mas não pular de prédio
corpo solto na horizontal
deixar tuas pernas te levarem pra onde quiser
pra isso, precisa de disposição e paciência
há muitos lugares aonde ir
e
levar os devidos mantimentos
e
nunca deixar o mais belo sorriso no rosto em casa

pois coisa tão preciosa não há
portanto entregá-lo a qualquer

... é desatenção

tesouro escondido
gengivas, salivas e próteses dentárias
vencendo guerras
meu precisar vem de pressentir
vem de supor
de imaginar
decifrar e devorar
não do pressentir objeto
real tátil
supor nas entrelinhas
invadir imaginários
existir inconsciente

no meu barco naufragado meu avião envia sinais de mayday

queria hoje ser outro
ser Jorge, Marcos, Eliseu
ser você
chega de tanto ser eu

cansei das corcovas nas minhas costas
e do gosto salgado do mar dessa minha ilha

abracos amigos

beijinho meu bem

lá me vou para o continente


6 comentários:

Ana Cláudia Zumpano disse...

E eu vou contigo!!! Ando querendo ser Maria, Antônia... ser você... chega de tanto ser eu.
Belas palavras sempre poeta. Aguardo o livro. beijos ;*

Lauana Buana Fidêncio disse...

Intaum, deus e o diabo ajudando, dá nisso, hehehehhehe!! Bjs da Lua.

Anônimo disse...

Navegar é preciso!

kelen disse...

ca estou eu de passagem, sorvendo goles quase insanos nesse denso poema musicado. Eu o vejo poesia.
Quero mais...
beijos

Muryel De Zôppa disse...

bacanudo.

Anônimo disse...

Valeu pela visita, Sete!