segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Pós ...

Xico Mascarenhas Também Sete



pós parto
pós tudo
pós modernismo estruturalista
pós coito
pós briga rixa e amor

pós jambolada

podia ser pós carna triângulo ou pós abadá meu bem tô doidão na chincha do crioulo doido

mas é
pós jambolada
que tá pegando hoje
na segundona

enfim
hoje ele só poderia sair pra rua de bermuda e chinelo de dedo
chinelo havaianas mesmo... das tiras lá e tal...

mas não qualquer chinela de dedo
tinha de ser uma laranja, da cor dos olhos dele
havaianas laranja porque é psicodélica porque é frita porque é chinela e é samba,
porque é chique doidim, porque é mendigão
porque é segunda à tarde e a tarde pede pés no chão e se o asfalto machuca o pés,
veste sua havaiana laranja psicodélica da cor dos olhos dele... e pisa.


daí sai pra rua com seu amigo, um dos ...
e vai cantando e fazendo uns sons com a boca
e sua língua rodando rápida como chicote nas costas dos nossos ouvidos
e sua dicção solitária em meio as outras todas pessoas...
na rua se tornando imperceptível.

daí os caras partem pra encontrarem um amigo em sua casa e os caras vão rindo e falando sobre tudo e sobre eles e elas e sobre o sol a chuva e sobre coisas que nunca haviam falado antes e sobre coisas que deveriam fazer e sobre as que já não se lembravam mais e riam juntos e foi pintando um som e criaram esse som e cantaram essa música que ainda não existia e de repente ...


a polícia os aborda


numa segundona à tarde perto da Acrópole, casa dos Deuses, onde o público messianico abriu oceanos. onde eles haviam passado dois dias antes envolvidos com música, cultura e afinidades. mas hoje eles eram suspeitos, muito mortais.


daí rolou a letra da música.


“Na favela suspeito é mato.”


a polícia não podia permitir aquela chinela de dedo laranja numa tarde de segunda-feira, é abuso demais ao statusquo vigente ...


_ Passa essa chinela de dedo laranja pra cá rapá... cadê, tem mais ? não me enrola hein.



...

3 comentários:

surto irreal disse...

start, sambado start!

Katrina disse...

Morro de inveja de são paulo não ter um festival como o Jambolada. De mais a mais, achei mágico surgir um poema sobre a experiência dele

=*

Audrey Carvalho Pinto disse...

...a rapá.. minha chinela ninguem me toma não!!
haha gostei mto!