sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

CANNIBAIS SATIVA



Já comi muita gente, mas maconha, hoje, não fumo com tanta freqüência
Comer gente é bom mas dá muito trabalho
Um dos maiores prazeres é destrinchar a carne dos ossinhos menores e fazer pequenos escapulários das pálpebras costuradas
Sentir a tessitura da pele ao ser arrancada e dependurar no varal sob o sol, junto com a sunga e a calça jeans puída



Gente hoje nem é mais um prato da moda, nos restaurantes preferem servir hambúrgueres de gergelim e sorvetes de passas ao rum
Mas ainda tenho meu livro de receitas guardado na estante
“Mestre Cuca Oswald: Como devorar pessoas abaixo do Equador”
A primeira receita envolvia Sardinha, macaxeira e tapioca


Nunca vou me esquecer do gosto doce da menina da 8ª série que, inocente, aceitou meu convite pra fazer o trabalho de álgebra em minha casa, numa sexta à tarde, sendo o mesmo trabalho pra duas semanas à frente... e em grupo


Suas sardas deram um colorido especial ao chá que preparei aos familiares durantes os cafés daquela semana


Ela me disse sobre as particularidades dos signos, de como a lua influi nas pessoas e quais os melhores dias do mês pra se cortar o cabelo...
Eu lhe contei sobre meu tio que sempre jogava no bicho, e lhe expliquei das combinações e de como funcionava as quadras, quinas e os palpites...
Ela, sorridente e feliz, me disse sobre o que havia sonhado na noite anterior

Daí não resisti e lhe dei a primeira mordida...