sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Num Covil dos Ratos



minha poesia não canta nada

- como haveria de cantar? –

berra todo nosso sufoco

como um doido na camisa de força

vem do útero do ânus estuprado

do peito doente

da cirrose do fígado


minha poesia é o pânico

a quarta dimensão terrível

da vida consumada no porto da barra pesada

das penitenciárias dos hospícios

do pervintin da maconha e da cachaça

do povo na rua

- do povo da minha laia –

minha poesia é o hino

dos libertinos

que conspiram na noite dos generais ...*

nesse labirinto não vejo saída

"seus poemas não lhe darão fama nem luxúria, quem sabe talvez uma cela escura na capital do país ...”

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* Poema de Adauto página 251 do livro “26 poetas hoje”, música Maracatu dos Ratos da Juanna Barbêra

Um comentário:

Victor disse...

Belos Textos.
Gostei do seu blog.
Passarei aqui mais vezes.
Parabéns