quinta-feira, 26 de março de 2009

Amantes




Os amantes marcaram um duelo para o fim do dia
Ao pôr do sol se entrelaçariam para sempre

Ele trouxe rosas e um revólver
Ela, vinho e seus venenos

Entraram no restaurante de mãos dadas, como dissera o padreco, juntos até que a morte os separe
Sentaram numa mesa de canto, um de frente pro outro, pediram o prato de entrada, peixe, e se entreolharam, os três

Primeiro ela disse como o amava, depois como o traiu
Em seguida ele contou seus íntimos segredos e piores pesadelos e de como o tesão havia acabado

Enfim, silêncio

No carro trocaram de estação de Rádio várias vezes, até encontrarem uma música que não os lembrasse d’algo bom ou ruim

Indiferença e cicatrizes eram as palavras-chave da palavra cruzada de suas vidas
Já haviam se mudado, um pra longe do outro, há muito tempo

Em casa, ele pôs em cima da mesa as rosas n’água e engatilhou o revólver na própria cabeça enquanto ela bebia seu vinho tinto predileto e mexia com a colher de chá o resto do veneno no fundo do copo.

Se amavam demais, afinal.

(foto retirada do site http://www.contracampo.com.br/83/critamantesconstantes.htm

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